Poeira estelar

saltos infundados

Você sabe com quem está falando? - se há algo que as pessoas desejam com mais força do que bens materiais, essa coisa é única e simplesmente o poder — e querer mais e mais poder é um mal tão ancestral quanto a própria humanidade.

Poder


Tudo começou há um tempo atrás

Tudo começou com ele: Lúcifer. Um anjo de alto escalão, que se viu tão fascinado pelo próprio brilho e status que passou a acreditar que poderia estar no mesmo nível de Deus.

Seu desejo de poder absoluto o cegou para sua verdadeira posição, levando-o à rebelião. No fim, essa ilusão de grandeza foi sua ruína: ele caiu, tornando-se um símbolo da queda provocada pelo ego desmedido.


Assimetrias ocultas do cotidiano

Agora, pense no indivíduo que sofre da síndrome do pequeno poder. Lembrou de quantas pessoas? Provavelmente muitas.

Essas pessoas estão por toda parte. Espalham-se como água morro abaixo e sobem como fogo morro acima, consumindo tudo ao redor.

Pode ser um gerente autoritário, um fiscal de regras insignificantes, um político, pais e mães, ou qualquer pessoa que, ao obter alguma autoridade, passa a se enxergar como superior às outras. Elas agem com arrogância, impõem sua vontade e acreditam que a realidade se molda ao seu redor.

No fim, são apenas amontoados de átomos, como você, eu e até o celular ou computador que você está usando. Mas, cegos pela ilusão do poder, esquecem sua própria insignificância e se acham especiais por ocuparem uma posição privilegiada na sociedade.


Ditando a vida adoidado

O pequeno ditador que se sente acima da moralidade e da ética acredita que o poder não o corrompeu — independentemente de quantos corpos deixou pelo caminho.

Seu “céu” não precisa estar acima do firmamento: pode ser um cargo modesto, um crachá de supervisor ou um assento no alto escalão do Estado. Mas, dentro de sua mente, ele se vê como um governante absoluto.

Assim como Lúcifer, ignora os sinais de que seu poder é ilusório e temporário. E, como tantos antes dele, sua queda pode vir pela rejeição dos subordinados, pela perda da posição ou pelo isolamento social.

Vestem-se de antolhos.

Poder

E, no final, nós também vestimos. Aceitamos as assimetrias do cotidiano, anestesiados por viver em uma sociedade onde o abuso se normalizou, onde a prepotência é confundida com liderança e onde os poderosos se alimentam da certeza de que nunca serão questionados.


Conclusão: somos pó das estrelas

No fim das contas, tanto Lúcifer quanto aqueles dominados pela síndrome do pequeno poder são vítimas dos mesmos erros:

1 - Confundir autoridade momentânea com um direito divino de comando absoluto.

2 - Esquecer que sempre existe alguém em uma esfera de poder acima deles — e que pode cortar suas asas sem hesitação.

Poeira

No final, somos todos pó de estrelas vagando na vastidão do cosmos. Entender nossa insignificância nos liberta da ilusão de grandeza e nos lembra de um princípio essencial: poder nenhum justifica o desrespeito.

Olhar o todo nos ensina a tirar os antolhos — e lembrar que, antes de tudo, todos merecem ser tratados com dignidade.


Para achar que sou menos louco, leia um pouco sobre assimetrias do cotiano e ego: