Análise - Dragon Age: The Veilguard

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Depois de apenas quatro meses do seu flop… quero dizer lançamento, Dragon Age: The Veilguard já está disponível na PS Plus - o que antes parecia ser um grande evento na história da BioWare acabou se tornando um daqueles jogos que rapidamente viram brinde de assinatura - Mas como chegamos até aqui?

Vamos mergulhar na polêmica.


Entendendo toda a treta

The Veilguard foi recebido com um misto de choque e confusão por uma parte dos fãs da franquia. A crítica pegou pesado, apontando mudanças que vão desde a estética dos personagens até a ambientação e o tom do jogo.

E, claro, não faltou o debate sobre diversidade, equidade e inclusão (DEI). A BioWare resolveu apostar forte nesse aspecto, mas o resultado parece ter dividido opiniões. O jogo trouxe representatividade de maneira bem evidente, mas algumas escolhas narrativas acabaram soando forçadas para parte do público – não necessariamente pelo conceito em si, mas pela forma como foram implementadas.


Um passeio na Disneylândia

Se os jogos antigos da série eram um épico dark fantasy cheio de decisões difíceis e consequências pesadas, The Veilguard trocou a escuridão e a tensão por um tom mais… lúdico - e às vezes até infantil.

Jogadores veteranos (como eu) sentiram um baque ao perceber que o novo jogo da franquia se parece mais com um passeio na Disneylândia do que com a antiga e sombria Thedas. Se você espera a atmosfera opressiva e a tensão constante de Dragon Age: Origins, Dragon Age II ou Inquisition, pode se surpreender com um tom mais próximo de Fable – o que não é ruim por si só (Fable é incrível, aliás), mas talvez não seja o que os fãs esperavam.

Lembro de ter ficado preso no sofá jogando Origins e Inquisition até conseguir, respectivamente, os 1000 gamerpoints em Origins (sim, já tive Um Xbox 360) e a platina em Inquisition - infelizmente não joguei o II.

Em The Veilguard, no entanto, nunca senti aquela urgência de “por Shiva! Preciso pensar bem antes de tomar essa decisão”. Aqui, as escolhas parecem mais leves, os diálogos mais brincalhões e a sensação de impacto das decisões ficou bem diluída.


Fable sem ser Fable

Se você já jogou Fable, sabe que o jogo tem cores vibrantes, personagens caricatos e aquele clima meio conto de fadas misturado com humor britânico. The Veilguard adotou um estilo parecido, com cores exuberantes, cenários deslumbrantes e personagens mais “fofinhos” – até demais para alguns fãs.

(O que aconteceu com o Solas, gente? Será que ele foi ao spa?) Solas

Os cenários são realmente lindos, a performance no PlayStation 5 é sólida e a escolha da paleta de cores puxando para o roxo me agradou bastante (roxo é uma das minhas cores favoritas, afinal). Mas o que me agradou, aparentemente, não foi consenso entre os fãs mais antigos.

(Ah, e um destaque positivo: a física dos cabelos está um espetáculo. Parabéns para quem trabalhou nisso!) Cabelos


Combate para quem não quer sofrer

Se você gastou horas tentando dominar o sistema de combate de Dragon Age: Inquisition, prepare-se para algo completamente diferente. The Veilguard abraça um estilo mais hack and slash, deixando de lado a pegada tática que muitos fãs adoravam. No máximo você consegue fazer alguns chain combos com seus companions.

Para mim, isso não foi um problema – eu gosto de combate dinâmico e menos burocrático –, mas reconheço que para os fãs de um estilo mais estratégico pode ter sido um balde de água fria. A dificuldade também parece ter sido ajustada para o lado mais acessível. Morri poucas vezes (umas cinco no máximo, e porque fui teimoso), mas se você montar um time com suporte adequado, pode enfrentar inimigos bem acima do seu nível sem grandes dificuldades.

Spoiler: Estou falando de ter essas duas fofuras como suas companheiras de aventura: Invencível

Em resumo: se você curte um bom desafio no combate, talvez precise procurar em outro lugar. Se gosta de hack and slash, pode ser uma experiência divertida.


A suspensão da suspensão da descrença

A suspensão da descrença é aquilo que nos faz assistir a um filme de Velozes e Furiosos e, ao invés de gritar “impossível!”, simplesmente pensar “uau, que cena incrível!”. Ela é essencial para a imersão, especialmente em mundos de fantasia.

Aqui entra um dos pontos mais discutidos sobre The Veilguard: a inclusão de diversidade. Representatividade é algo importante e bem-vindo, eu, inclusive, vivo a diversidade no meu dia a dia, mas há maneiras mais sutis e naturais de inserí-la na narrativa de produtos de entretenimento.

A questão é que algumas escolhas pareceram deslocadas dentro do próprio universo do jogo. Por exemplo, se estamos num mundo onde magos podem alterar sua forma com feitiços, faz sentido a existência de cicatrizes de mastectomia? Se o mundo está à beira da destruição, faz sentido uma side quest inteira ser focada apenas na identidade de gênero de um NPC? Faz sentido um NPC ser chamado a atenção por não utilizar o pronome neutro enquanto os deuses élficos Elgar’nan e Ghilan’nain espalham o caos no mundo matando milhares de pessoas?

O problema não é a diversidade em si, mas quando sua inclusão parece feita sem preocupação com a coerência do universo ficcional. (Ei, Sweet Baby Inc! Estamos olhando para você e seu desserviço para políticas de diversidade)

É um equilíbrio delicado. Quando bem feito, enriquece a narrativa - podemos citar Cyberpunk 2077, o aclamadíssimo Baldur’s Gate 3, a franquia Tomb Raider, o lindísimo Life is Strange, a série Mass Effect, Dandara, Cult of the lamb (que faz você pensar sobre religião e seus impactos) e uma lista quase infinita de games pode seguir aqui.

Quando feito de maneira apressada ou pouco integrada, pode gerar estranheza – não por preconceito, mas por quebrar a imersão.


Fanfic ou roteiro profissional?

A última parte do jogo surpreende porque parece ter sido escrita por uma equipe de roteiristas bem mais experiente do que o restante. Os diálogos melhoram, o enredo se encaixa melhor e o final reserva um plot twist interessante.

Mas o caminho até lá? Parece que passou por muitas mãos diferentes e, em certos momentos, mais parece uma fanfic do que um roteiro sólido de um RPG da BioWare. Se você gosta de jogos com uma narrativa envolvente e bem amarrada, pode se frustrar um pouco.

Se, por outro lado, pula os diálogos e só quer chegar logo na ação… bem, esse jogo foi feito para você.


TL;DR - Conclusão

Apesar das críticas, comprei a mídia físico e joguei The Veilguard por mais de 100 horas, explorei cada canto do jogo e quase peguei tudo (faltaram só dois baús). Se você procura um RPG mais leve, com combate fluido, uma progressão de nível fácil, upgrade de armas muitíssimo simples e gráficos bonitos, pode ser uma boa pedida. Só não espere o mesmo peso narrativo e atmosfera dos jogos anteriores da série.

De graça (ok, não é de graça) na Plus compensa bastante mergulhar um pouco na história de Rook e seus amigos. Gratis

Ah, e se você é do time que gosta de platinar tudo, saiba que essa platina é bem fácil de conseguir. Platina

Nota final: 3/5

(っ´ω`c)♡ Todas as imagens deste post foram geradas com o Google Gemini.