A verdade
Vivemos a vida como se o mundo fosse extremamente sólido. Como se o “sempre” fosse garantido. Um spoiler para você: Não é. Há momentos que despedaçam essa crença e mostram que a realidade possui uma fluidez ininteligível - um verdadeiro banho de água fria chamado de “a verdade”, sorri neste momento para você.

A verdade estava ali e só você não viu
Uma mãe enterra um filho. Ordem natural? Ou piada de mau gosto? O Universo brincando conosco? Não sei, mas nesse momento, a mente desaba e o tempo, que antes parecia uma linha contínua, vira um campo de estilhaços. Nesse instante brutal, insuportável, a verdade se revela: nada permanece.
A verdade não chega embrulhada para presente. Ela chega como aquele grito seco e desesperador no escuro. E sabe o que é pior e mais cruel? Ela, a verdade, estava ali o tempo todo.
(Assim como num episódio de Fullmetal Alchemist.)
A mentira em que vivemos - nossos apegos
Vivemos como se o mundo fosse sólido, mas nada é. Nada é.
- O emprego que te definia é cortado por e-mail ou via reunião on-line;
- A pessoa que jurava ficar para sempre vai embora sem nem se despedir - Ghosting Mode On;
- Bens materiais, que você julga como sucesso na vida, evaporam numa emergência financeira;
- O corpo que parecia invencível se dobra diante de um diagnóstico ou perante ao tempo.
A dor? Não está no que acaba. Está em fingir que não acabaria. Sim, está aí o nosso drama, com trilha sonora e tudo o mais. A mentira que contamos a nós mesmos.
Abrace a liberdade
Chagdud Tulku Rinpoche, um mestre tibetano que viu seu país ser dizimado pela guerra, dizia:
“O sofrimento nasce do apego ao que está condenado a mudar.”
Perceber esta verdade não é derrota e sim o início da liberdade. (Uma liberdade daquelas, tipo “posso largar esse peso que nem lembrava que estava carregando?”.)
Este texto não é sobre religião (calma, você sobrevive). É sobre a única certeza que temos e, pasme, insistimos em ignorar. É sobre o que acontece com sua vida quando você para de fingir que ela é permanente e de que o ser humano precisa ser eternizado de alguma maneira.
O orgulho de ser mortal
Aquiles não foi ferido no calcanhar, foi ferido no orgulho de descobrir que, na verdade, era mortal. A grande tragédia não é morrer; é saber que vamos morrer e continuar vivendo como se não fôssemos.
Homens ergueram impérios, escreveram tratados, fizeram guerras, prometeram amor eterno só para tentar calar esse detalhe incômodo: tudo passa.
(Trilha sonora triste do fim do Universo aqui - Douglas Adams se orgulharia de mim.)
Conclusão

Quando abraçamos a verdade da impermanência, algo se abre. Não como resignação de sofá, mas como clareza de venda removida dos olhos. E então, talvez, comecemos a viver de verdade.
E você? Está pronto e disposto a encarar a “verdade” sem piscar?
- Aguardando os #serhumaninhos reclamarem da minha antropomorfiração da “verdade”;
- Imagens do sensacional anime Fullmetal Alchemist;
- Um vídeo de quem sabe explicar melhor do que eu aqui: http://youtu.be/cUqAn-gUl2I